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Durante um ano ou mais, eu e Silvia conversamos muito sobre como seria a personagem Rhonda. Ela me mandava as demos que ela estava fazendo e já tinha na cabeça esse cenário de deserto da Califórnia, meio road movie anos 60, e a gente trocava muitas imagens de referência.
Quando o disco ficou pronto, eu achei que essa referência precisava estar muito presente, mas ao mesmo tempo quis deslocar um pouco no tempo e no espaço, deixar isso mais vago, mais borrado, para não correr o risco de virar só uma paródia.
Então me lembrei de umas fotos que ela tinha feito meio de brincadeira, com o celular, em umas férias dela e tinha me mandado mais como referência mesmo. Tudo que a gente tinha conversado durante aquele ano apontava para uma textura de filme, bem analógica e aquela foto era claramente de celular. Em vez de tentar disfarçar isso, ali me veio a ideia de explicitar, de exagerar. Como se tentando fazer parecer analógica, o resultado ficasse ainda mais digital.
Também criei essas texturas pixeladas que me lembram mofo em slides antigos, mas que quando você vê de perto são claramente pixels. Estão entre o filme danificado e o defeito de conexão no meio de uma video-chamada, minha ideia era que a pessoa não conseguisse localizar isso direito.
Não vejo a hora de ver esse capa impressa num vinil, porque acho que isso vai acrescentar mais uma camada de significado pra ela.
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